A Comissão de assuntos da mulher, do idoso, da criança, do adolescente e do deficiente da Câmara de Vereadores de São Gonçalo realizou nesta terça-feira (27), audiência pública que abordou o tema “O suicídio na infância e na adolescência – uma realidade que ainda não se mostra”. O evento reuniu autoridades, representantes da sociedade civil e a população gonçalense. A audiência foi conduzida pelo presidente da comissão que propôs a audiência – vereador Armando Marins.
A exposição do tema foi feita pelo advogado e Conselheiro Municipal da Pessoa com Deficiência Cleiton Monteiro. Ele informou que ainda há poucas pesquisas sobre o tema e que entre as causas do suicídio de adolescentes crianças no Brasil estão a drogadição, a separação dos pais e a intolerância. Monteiro finalizou abordando a questão do polêmico jogo russo “Baleia Azul” que propõe 50 desafios e por fim sugere o suicídio do jogador.
A representante da secretaria de Educação Velange Bastos disse que o governo tem desenvolvido projetos, através das atividades extra-classe visando o incentivo à prática de esportes e, consequentemente o envolvimento dos estudantes a fim de mantê-los longe da ociosidade.
Representantes do Conselho Tutelar como os conselheiros José Granjeiro e Alan Rodrigues apontaram a falta de vagas nas escolas e a influência do tráfico de drogas como problemas que podem levar crianças e adolescentes ao suicídio. Alan citou o exemplo de um menino de 12 anos que recentemente teve a família assassinada em são Gonçalo. O menino disse que para ele só restava a morte.
Os vereadores bispo Salvador, Misael e professor Paulo também prestigiaram o evento. Misael contou o próprio exemplo: após perder a família para tráfico de drogas no Rio de Janeiro e ser adotado, ele superou as dificuldades e venceu: “Meu sonho era ser traficante, mas hoje eu estou aqui totalmente mudado, uma pessoa de caráter. Se teve jeito pra mim terá também para outros jovens”, disse o vereador.
Para o professor Paulo, o problema do suicídio de crianças e adolescentes começa na família. Ele destacou a importância da população participar de audiências públicas organizadas pelos vereadores.
O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente Aroldo Júnior convidou a população para participar ativamente das reuniões do conselho. Ele também falou sobre a situação de uma criança que após ser abandonada pela família biológica, morar em um abrigo, ser adotada por um casal e devolvida novamente para o abrigo, disse que para ela só restava a morte.
Durante a audiência a população também teve a oportunidade de usar a tribuna. A representante da Obra Comunitária São Francisco de Assis, dona Maria de Fátima criticou o que chamou de falta de atenção do governo com as crianças e pediu ajuda ao poder público para diminuir os casos de suicídio na cidade.
Ao finalizar a audiência, o vereador Dr. Armando Marins defendeu a estruturação da família como forma de combater as causas do suicido na infância e adolescência. Ele disse que atendeu recentemente em seu consultório uma adolescente de 17 anos, que tentou o suicídio aos nove. Armando Marins disse que é imprescindível propor políticas públicas para minimizar o problema do suicídio de crianças e adolescentes na cidade.