Por Luciano Tardock
Na tentativa de seguir uma linha entre os textos e fazendo eco com o texto anterior que causou bastante movimentação, me proponho a falar brevemente sobre Mentor de Souza Couto, que foi prefeito de São Gonçalo por duas ocasiões e, durante seu primeiro mandato, Zélio Fernandino de Moraes foi eleito vereador em São Gonçalo pelo antigo Partido Republicano Fluminense, extinto em 1937, durante Estado Novo de Vargas em 2 de dezembro de 1937. Mas, para falarmos de Mentor, precisamos falar brevemente sobre o seu partido em si.
O Partido Republicano Fluminense, popularmente conhecido como “PRF” foi bastante influente em São Gonçalo desde o final do século 19. Apenas para se ter uma ideia, os 8 primeiros representantes do executivo local, todos foram do mesmo partido. Ele havia sido fundado em novembro de 1888, meses após a abolição da escravatura e que apoiava sua ideologia no republicanismo, no regionalismo, no conservadorismo social, no liberalismo econômico e no agrarianismo. Eram outros tempos e a sociedade gonçalense, conservadora, ainda pensava que a vida rural poderia ser superior a vida urbana, moldando dessa forma a conduta daquela sociedade e daqueles cidadãos. Foi o partido de nomes como Silva Jardim, Alberto Torres, Francisco Portela e Nilo Peçanha.
Mas e o Mentor? Mentor de Souza Couto foi fazendeiro em São Gonçalo, na Região de Sacramento, na fazenda da Campanha. Ocupou o local mais alto do executivo gonçalense em duas ocasiões, a primeira cobrindo o mandato de Álvaro Lopes Martins, entre 29 de maio de 1925 e 9 de maio de 1926, com o retorno do então prefeito ao cargo que fora eleito. Em 30 de abril de 1927 Mentor ocuparia em definitivo, sendo eleito pela população local e permanecendo no cargo até 24 de novembro de 1929.
Foi um político profissional. Ainda que tivesse outras áreas de atuação, era bem relacionado com a rede que se estabelecia. Era sempre visto ao lado de nomes importantes da política, tanto de São Gonçalo quanto de Niterói. Era um dos homens que sempre aparecia ao lado de Norival de Freitas, que viveu em Niterói durante muitos anos de sua vida e chegou a ser deputado estadual. Mentor também era bastante solícito quando precisava fazer agrados a nomes ligados ao movimento republicano, como as cerimônias em homenagem ao falecimento de Floriano Peixoto, a qual sempre cedia o salão nobre da prefeitura de São Gonçalo para as honrarias que se seguiam.
Mentor de Souza teve uma administração discreta. Como é saudável, críticas foram feitas ao seu mandato. Podemos destacar como ponto forte de seu mandato o apoio ao nome de Zélio de Moraes, que já foi comentado aqui nessa coluna e que pertencia ao mesmo partido do então prefeito.
Na imagem da Revista Fon Fon, vemos o então deputado, Norival de Freitas sentado ao centro. Mentor de Souza é o primeiro da esquerda para a direita, de pé. Curiosidade da foto é a presença de Zélio de Moraes, de pé, a esquerda de Norival de Freitas.
Em seu discurso de posse, ao qual foi levado a tribuna pelas mãos do então vereador Zélio de Moraes, Mentor prometeu desenvolver a cidade e honrar os munícipes. Não existem muitos dados sobre a atuação efetiva de Mentor de Souza a frente do executivo gonçalense, mas o mesmo permaneceu ativo por muitos anos na cena política da região. Faleceu em janeiro de 1966 em decorrência de um mal súbito. Foi enterrado no cemitério de Monjolos no mesmo dia,ao lado de dona Antônia da Silva Costa, com quem teve 3 filhos bastante ativos na política local.Um chegou a ser vereador em São Gonçalo.
Referências:
A Rua, 1910-27.
Almanak Laemert, 1891-1940.
Diário da Noite, 1930-39.
O Fluminense, 1920-29.
O Fluminense, 1930-39.
O Fluminense, 1960-69.
Revista Fon Fon, 1930-39.
Luciano Campos Tardock é formado em história pela Universidade Salgado de Oliveira. É professor e publica na página do Memória de São Gonçalo, onde busca resgatar um pouco da memória da cidade.
O Centro Cultural George Savalla Gomes – Palhaço Carequinha funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, no primeiro andar da Câmara Municipal de São Gonçalo.